A Terra Vermelha (2015)
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La Tierra Roja

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Um pequeno vilarejo rural da Argentina sobrevive graças à extração da madeira, ramo que absorve quase toda a mão de obra trabalhadora. No entanto, os agrotóxicos usados pela empresa estrangeira estão causando sérios problemas de saúde aos moradores. O que fazer: repudiar a empresa que prejudica a saúde ou defendê-la por proporcionar meios de sobrevivência a um povo paupérrimo? O questionamento da ética capitalista constitui o centro do drama A Terra Vermelha, uma coprodução entre a Argentina, a Bélgica e o Brasil.

Para demonstrar os dois lados da disputa, o roteiro cria uma história de amor entre opostos, no melhor modelo Romeu e Julieta: Pierre (Geert van Rampelberg) é um imigrante belga que comanda a indústria de papel, já Ana (Eugenia Ramirez Miori) é uma professora do vilarejo e defensora das causas ecológicas. Eles se apaixonam, mas brigam pelo contraste de suas convicções. Não demora, é claro, até um deles mudar de ideia e partir para o lado moralmente correto da questão.

A história poderia se concentrar apenas no amor impossível, mas felizmente o romance permanece em segundo plano. O diretor Diego Martinez Vignatti possui ambições políticas amplas, questionando de maneira interessante o uso de força nas manifestações políticas. É legítimo os militantes ecológicos pegarem em armas e partirem para a guerrilha organizada? O que fazer quando o lado oposto, mais rico e bem equipado, deseja revidar? Os questionamentos dessa guerra podem encontrar eco na realidade de diversos países, inclusive o Brasil, com sua batalha sangrenta pelos latifúndios controlados por senhores de terras, no Norte e no Nordeste principalmente.

O maior problema do filme, no entanto, encontra-se em suas escolhas estéticas. Trabalhando com um orçamento reduzido, o cineasta oferece imagens de uma textura digital mal trabalhada, com fotografia excessivamente limpa e nítida, além do formato de tela muito quadrado e da predileção pelos close-ups nos rostos dos atores. Estamos próximos da estética televisiva ou jornalística, que acredita na máxima clareza da imagem para não atrapalhar o conteúdo. Assim, privilegiando o discurso, o filme não traz nenhuma construção imagética particularmente inspirada.

As atuações tampouco ajudam. Eugenia Ramizes Miori desempenha bem a personagem determinada e libertária (inclusive do ponto de vista sexual), mas Geert van Rampelberg revela-se limitado nas cenas de forte teor emocional. Os coadjuvantes são mal dirigidos, e comprometem momentos importantes - vide as fraquíssimas cenas da briga de bar, e do parto em casa. O trabalho de som e de montagem, meramente funcionais, completam um projeto pensado acima de tudo por sua mensagem ecológica, e não pela expressividade artística.

Talvez A Terra Vermelha seja um projeto limitado, com uma porção de pontas soltas (como a paixão pelo rugby, que não traz nenhum conflito à história). Mesmo assim, para uma produção restrita, é louvável a intenção de proporcionar um rico debate de ideias sobre a legitimidade dos protestos e do engajamento político.
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