Paro Quando Quero (2014)
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Smetto quando voglio

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Pietro Zinni (Edoardo Leo), um acadêmico, tenta conseguir financiamento para sua nova pesquisa. Seu próprio orientador o atrapalha. A banca parece desinteressada. Tudo dá errado. Mas supostamente ele irá conseguir aprovação graças a uma mutreta arquitetada por seu professor. É o país da Igreja Católica, diz o personagem. Trocas de favores e coisas do tipo são comuns e até obrigatórias. Paro Quando Quero, sucesso italiano de 2014 que tardiamente chega ao circuito comercial brasileiro, tem como principal destaque o aspecto “metralhadora de alfinetadas” que o roteiro abraça em determinados momentos. Catolicismo, políticos, acadêmicos, juristas, traficantes, todos estão no mesmo balaio corrupto que navega pelas turbulentas águas de uma Itália presa ao passado e afundada na crise.

Paro Quando Quero - FotoPietro, com contas a pagar e sem bolsa aprovada na universidade, se desespera, sua frio e tem um insight: virar traficante. Mas não um comerciante de drogas comum. Sua brilhante ideia é atuar na brecha da lei, produzindo e vendendo as chamadas smart drugs (ou nootrópicos), tirando vantagem da lentidão da polícia em incluir compostos novos na lista nacional de substâncias proibidas. Para ajudá-lo no negócio são recrutados sujeitos improváveis, seus velhos amigos: um antropólogo, dois especialistas em latim, um economista e um arqueólogo. Homens inteligentíssimos e bastante atrapalhados que não exercem suas profissões por falta de oportunidades e se viram como podem em busca do dinheiro do sustento. Outsiders na vida noturna, esquisitões no meio da “diversão perigosa” em que se infiltraram e ignorantes do funcionamento do submundo do crime, eles ficam inebriados pelo enriquecimento fácil e se metem em encrenca, sem surpresa alguma.

Primeiro longa de Sydney Sibilia, também um dos roteiristas, Paro Quando Quero começa com uma pegada Trainspotting - Sem Limites que fica só na cena inicial mesmo – infelizmente. Verborrágico como seus protagonistas (liderados pelo nada carismático Pietro), ele tem uma trama à primeira vista interessante que dialoga muito bem com os dias de hoje, mas essa força não se mostra suficiente para sua decolagem. Apresentado com muitas cores saturadas e uma estranha iluminação artificial vinda de baixo na casa do protagonista que serve para destacar e indicar desde o início a origem de seus fundos monetários, a comédia com pouca graça pode ser descrita como feia visualmente e insossa narrativamente, apesar do carregado – e certeiro – tom crítico. A riqueza do time se dá muito rápido, assim como a previsível loucura de um dos “empreendedores” e a resolução do conflito que mal chega a crescer. Há excesso de compostos químicos de difícil compreensão e falta de adrenalina e Paro Quando Quero revela-se ao fim um filme chato de negócios com umas droguinhas e problemas amorosos no meio, por pura falta de habilidade do realizador em fazer algo à altura do criativo argumento. É um dos raros casos em que um remake viria realmente a calhar.

É bastante triste pensar que um produto medíocre como este chegue aos cinemas, enquanto pérolas como O Lagosta, Ex_Machina: Instinto Artificial, Dope: Um Deslize Perigoso, Sing Street: Música e Sonho e A Bigger Splash não têm a mesma sorte. Honrando o título do filme, Sibilia não parou na – curiosa – resolução da comédia. Lançou a sequência Smetto Quando Voglio: Masterclass no início deste ano na Itália e prepara o encerramento da trilogia com Smetto Quando Voglio: Ad Honorem. Por quê??
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